“O PEQUENO PRÍNCIPE VISITA A CHAPADA DIAMANTINA”: UM PASSEIO MÁGICO E ORIGINAL PELAS BELEZAS DA BAHIA

Esqueça a aridez do deserto. O famoso personagem de Saint-Exupéry está de volta para viver aventuras filosóficas em meio a grutas.

Esqueça a aridez do deserto. O famoso personagem de Saint-Exupéry está de volta para viver aventuras filosóficas em meio a grutas, vilarejos e cachoeiras paradisíacas.

Vale do Capão. Domingo. Dia de feira livre. A profusão de sotaques ecoa entre as barracas dispostas no centro da vila. Pessoas de todas as partes do mundo se encontram ali para vender e comprar mercadorias: roupas, iguarias, hortaliças e muitas peças artesanais. A situação seria corriqueira se não fosse a presença de um pequeno visitante fascinado com uma banca de cristais. Apesar de ser louro e usar cachecol, ele não é alemão, irlandês ou norte-americano. Ele veio de um lugar muito mais distante. Ele veio de outro mundo.

No recém-lançado “O Pequeno Príncipe visita a Chapada Diamantina”, a escritora Christiane Couve de Murville descreve cenas como essa. Setenta e nove anos depois de se despedir do aviador no deserto do Saara, o Petit volta à Terra para conhecer um garimpeiro, que é o narrador da história, e viajar com ele pelas belas paisagens da região central da Bahia. O Serrano, a Gruta da Lapa Doce, o Poço Azul, a Cachoeira da Fumaça e até a feira livre do Capão estão entre os pontos visitados pela inesperada dupla.

O texto fluido e nitidamente dedicado ao público infantojuvenil (similar àquele escrito por Saint-Exupéry) está cheio de referências do livro original: a cobra, as estrelas e, é claro, a rosa. A rara flor é, aliás, um elemento onipresente na narrativa. É a busca por ela que impulsiona a aventura, aproxima os dois protagonistas e conduz a trama.

Com destreza, Christiane Couve de Murville cria paralelos entre os elementos da conhecida versão escrita pelo autor francês e o cenário baiano: a delicada rosa do príncipe e as resistentes sempre-vivas da Chapada; a traiçoeira serpente do deserto e a jararaca, típico réptil do sertão; os 43 ocasos do asteróide B-612 e o único e inigualável pôr-do-sol visto do topo do Pai Inácio.

Viajante incansável: o Pequeno Príncipe cruza os céus de Igatu e conhece a Igreja de São Sebastião, cartão-postal do vilarejo. Foto: reprodução/O Pequeno Príncipe visita a Chapada Diamantina.

Reminiscências do estilo emotivo e filosófico da obra de Saint-Exupéry estão igualmente presentes na moderna releitura feita por Christiane de Murville. Há menções à saudade, à amizade e aos anseios humanos diante da imensidão do universo. Diluídas nessas confissões aparecem informações sobre a biodiversidade da região, a história do garimpo e as numerosas lendas de cidades perdidas, portais dimensionais e luzes misteriosas, temas já explorados por Murville na trilogia “A Caverna Cristalina”, que também se passa na Chapada.

Em “O Pequeno Príncipe visita a Chapada Diamantina”, as paisagens e os relatos míticos aparecem fartamente representados em ilustrações que se espalham por todas as páginas. Novamente, Christiane de Murville tem o cuidado de manter a conexão com o original: os desenhos, aquarelados e feitos por ela, lembram bastante o traçado artístico do aviador francês criador do principezinho.

O pequeno para os pequenos

Os leitores menores, ou até mesmo as crianças que não sabem ler ainda, também podem embarcar nas aventuras do jovem nobre pelas trilhas do coração da Bahia. Além do livro com a história e as imagens coloridas, foi lançada uma versão em tamanho maior, com pouco texto e muitos desenhos para serem pintados. Intitulado como “Colorindo com o Pequeno Príncipe a Chapada Diamantina”, o projeto traz a narrativa condensada em breves linhas e ilustrações em preto e branco.

Novas Rotas

Se depender de Christiane de Murville, as aventuras do Petit estão longe de terminar, e vários livros sobre ele ainda serão publicados. Por meio das adaptações da autora, o menininho louro já visitou São Paulo, já esteve na Chapada e agora segue em direção ao Maranhão. “A ideia é que ele visite o Brasil inteiro”, revela a escritora. As andanças do pequenino cresceram tanto que viraram até uma coleção na editora Tocalivros: “As viagens do Pequeno Príncipe”.

Num avião, na cauda de uma estrela ou sob os portais mágicos de uma cachoeira, nós seguiremos acompanhando o pequeno e adorável principezinho ― seja para onde for. Geração após geração, destino após destino, releitura após releitura, ele continua nos ensinando a enxergar o que está além das aparências.

“O Pequeno Príncipe visita a Chapada Diamantina” nos faz perceber os profundos ensinamentos que estão escondidos na natureza da nossa região. Com essa recente viagem do adorável menininho, aprendemos que plantas, cristais e um simples garimpeiro podem nos ensinar verdades perenes, mas comumente despercebidas. O essencial, afinal, ainda é invisível aos olhos.

 

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Pequeno chapadeiro: lançada em duas versões (uma para ler e outra para colorir), a obra de Christiane de Murville coloca o Petit em contato com a natureza da Chapada Diamantina.

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