Descubra como o Morro do Pai Inácio se tornou símbolo da Chapada

Vista frontal do Morro do Pai Inácio sob céu limpo ao entardecer
Formação rochosa do Morro do Pai Inácio, um dos pontos mais emblemáticos da Chapada Diamantina — Foto: Acervo pessoal

Saiba como o atrativo se tornou o principal ícone da Chapada Diamantina. Entenda sua geografia, a lenda que lhe dá nome e seu impacto no turismo regional

É improvável visitar a Chapada Diamantina sem se deparar com o nome “Pai Inácio”. Ele está em placas, lojas, pousadas, cardápios e em conversas entre turistas. Mas, antes de ser transformado em marca, o Morro do Pai Inácio era apenas uma formação geológica imponente, visível a quilômetros de distância. Como, então, esse platô ganhou tamanha projeção? A resposta passa pela geografia, pela história e, sobretudo, pela força de uma narrativa que cruzou gerações.

Entenda o relevo que molda o horizonte

Com 1.120 metros de altitude e acesso facilitado pela BR-242, o Morro do Pai Inácio não é o ponto mais alto da Chapada — esse título pertence ao Pico do Barbado, com 2.033 metros. Ainda assim, o Pai Inácio se destaca por sua forma simétrica, pelo fácil acesso e pela vista panorâmica que oferece. Lá do alto, é possível observar outras formações icônicas, como o Morrão, os Três Irmãos e o Morro do Camelo.

Esse conjunto de morros integra o Planalto da Chapada Diamantina, uma formação de arenitos e quartzitos originada há mais de um bilhão de anos. O tempo e a erosão foram responsáveis pelas linhas abruptas e verticais das escarpas que hoje emolduram o horizonte do Parque Nacional.

Relembre a lenda que perpetuou o nome

A história mais contada sobre o nome do morro envolve um escravizado chamado Inácio. Segundo a lenda, ele se apaixonou pela filha de um fazendeiro. Ao ser descoberto, fugiu para o topo do morro, de onde se lançou usando um guarda-chuva como paraquedas improvisado. Ele sobreviveu à queda e desapareceu, escapando da punição. A ausência de dados históricos sobre esse episódio reforça a hipótese de que se trata de uma construção popular, mas o poder simbólico da narrativa é incontestável.

A lenda circulou por gerações de moradores e, mais tarde, foi absorvida por guias turísticos, materiais de divulgação e roteiros literários. Recentemente, ganhou uma releitura na obra A Sinhazinha e o Escravo, de Mirandi Alves Pereira Oliveira. O livro amplia a trama, adiciona personagens e apresenta o protagonista com mais profundidade, resgatando seu passado, seus dilemas e sua conexão com o território. Segundo a autora, a proposta é transformar um enredo oral e breve em um romance que dialogue com o presente.

Veja como o morro virou cartão-postal

A popularização do Morro do Pai Inácio como ponto turístico se intensificou a partir da década de 1990, com a consolidação do Parque Nacional da Chapada Diamantina como destino de ecoturismo. Sua localização estratégica, entre Lençóis, Palmeiras e Mucugê, facilita o acesso a partir de diferentes pontos da região. A trilha curta até o cume também contribui para sua popularidade: com cerca de 500 metros de extensão, ela pode ser percorrida em menos de 20 minutos.

Do alto do morro, o pôr do sol é um espetáculo à parte. A luz atravessa o vale, projeta sombras nas escarpas e tinge de laranja o céu da Bahia. A combinação de beleza natural, acessibilidade e contexto narrativo transformou o local em ícone da Chapada.

Conheça os impactos da fama no entorno

Com o crescimento do turismo, o entorno do Morro do Pai Inácio passou a concentrar uma infraestrutura voltada ao visitante. Estacionamentos, guias credenciados, lojas de artesanato e restaurantes surgiram como resposta à demanda. Por outro lado, esse fluxo constante levanta discussões sobre conservação ambiental, regulamentação de acesso e limites de visitação.

O desafio é equilibrar o valor simbólico e econômico do ponto turístico com a necessidade de preservar seu ecossistema. Embora o topo do morro ofereça uma vista ampla e segura, a trilha exige cuidados: o vento forte e a ausência de guarda-corpos tornam arriscada qualquer imprudência.

Conecte a paisagem ao imaginário coletivo

O Morro do Pai Inácio não é o único mirante da Chapada, mas talvez seja o mais fotografado. Sua imagem aparece em capas de revistas, vídeos promocionais e redes sociais. Além disso, tornou-se um marco de orientação territorial: quem visita o parque, inevitavelmente, cruza com ele. Mais do que altitude ou formação geológica, o que confere ao Pai Inácio o status de símbolo é a fusão entre geografia e mito. O morro não é apenas um ponto de observação, mas uma plataforma de histórias — tanto reais quanto inventadas. Ele sintetiza a identidade visual, histórica e afetiva de toda a Chapada Diamantina.

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